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Resta-nos rezar

Em 03/05/2021 às 07:52:45

A literatura está recheada de livros que falam de apocalipse e pós-apocalipse. Mesmo vendo o mundo correndo para ser vacinada, minha sensação é que estamos em um país que pode enfrentar um apocalipse particular ou até impulsionar o mundo para o apocalipse planetário. Organização mundial Médicos Sem Fronteiras diz que mortes por Covid no Brasil podiam ter sido evitadas com medidas básicas e ainda insistimos com um presidente que ainda prescreve o kit Covid com Cloroquina. A CPI pode mostrar as centenas de provas do genocídio causado por um governante que é negacionista, mas que no momento, luta contra os mandos e desmandos da família Bolsonaro.

Um livro impactante é A praga escarlate, de Jack London. Nela a humanidade é dizimada por uma praga e seus últimos momentos são os estertores de uma sociedade narradas por um professor, lembrando os últimos dias e o caos na sociedade com a chegada à cidade. Ainda não chegamos nessa situação, pois muitos estão em suas bolhas, seus universos particulares e não se comovem com as mortes alheias. As manifestações com aglomeração de atos pró-governo, pedindo mais uma vez, intervenção militar, golpe no Supremo e presidente Bolsonaro eterno é o retrato dessa sociedade que já foi infectada por outra doença: A ignorância.

Todas as grandes religiões do passado tem seu testemunho do apocalipse registrado a dois mil anos. E todos possuem suas versões do fim da humanidade. Eu gosto da indiana, que tem Shiva como criadora e destruidora de mundos. Ele destrói para criar. Shiva é destroi os mundos para que Brahma crie, mantendo o ciclo de movimento. Outro livro é o Slynx, de Tatiana Tolstáia, onde tudo o que as pessoas tinham construído foi destruído, até sua língua. Os humanos não existem mais. Estamos caminhando para o número de 500 mil mortes por Covid no Brasil. Nada e absolutamente nada está sendo feito para conter esse número. Vemos apenas uma sequencia de incompetências logísticas acontecendo no governo, sem que haja um freio. A CPI da Covid demonstra um real caminho para apurar responsabilidades e tentar condicionar ações efetivas para termos verdadeiras ações contra essa moléstia.

Um livro apocalíptico engraçado é A hora final, de Nevil Shute, que narra o avanço da nuvem radioativa a última cidade intacta na Austrália. O personagem sabe que em dias a nuvem chega onde está e acabará de vez com a humanidade e resolve tomar um vinho do Porto. O garçom avisa que o vinho não atingirá a maturidade ideal em menos de um ano. O Comandante Dwight Lionel Towers (no cinema interpretado por Gregory Peck) fica indignado, pois a nuvem chegaria m poucos dias. Solta uma interjeição como “Pelas barbas do profeta”, “isso deveria ter sido previsto!” Talvez seja a visão que estamos tendo, vendo a doença chegar e conseguindo se transformar numa variante que independe se você já tomou a segunda dose ou não, como no caso na Inglaterra de um homem, já vacinado e infectado pela mutação brasileira.

Morreu mais brasileiro de Covid, do que gente na guerra do Paraguai inteira. E olha que Brasileiros infectaram propositadamente os rios paraguaios de Cólera. Por último, recordo-me da história de um visitante que foi a casa do físico quântico Niels Bohr e reparou que tinha uma ferradura pendurada na porta de entrada. Questionado sobre a superstição, Bohr disse que não acreditava, mas diziam que ela ajuda mesmo quem acredita.

Pelo sim, pelo não, vamos rezar para que dê haja uma solução rápida contra essa Pandemia e não nos ferremos todos em um apocalipse.

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